TOMEI CARONA NO CORONA









CARONA1

Eu, você, o mundo,...
Estamos separados
Cada no seu canto
Riso calado
Gelo queimado
Fogo molhado
Dinheiro fiado
Saudade do lençol babado.
Quero voltar a dormir embolado.
Beijos, línguas, mordidas,...
Tudo descolorido, freado...
Sigamos isolados
A outra historia mora pela frente, de bruços...
do outro lado

CARONA2

Tem dias
que não são dias.
Tem noites
que não são noites.
Tem coisas e acontecimentos que...
sei lá o que são.
Repetidos,
Parados,
Olho cego,
Boca seca,
Toque sem tato,
Dente sem riso,
Segredo acionado.
Quem tá dentro
não entra...
Quem tá fora
não sai...


CARONA3

Porta fechada
Mão lavada
Na CARA NÃO PODE
Peço Imploro
FIQUE NA VIDA
PARADO PARADA
 MÁSCARA COLADA ///

não vá.
PRA CÁ, NÃO
PRA LÁ, FECHADO
um outro amanhã
virá veremos verá

CARONA4

Não fui ali
Não fui lá
Acolá, nem se fala
Tarefa pra hoje:
Sem sair do mesmo lugar
Três passos pra cima
Quatro pra baixo
Meio pro lado
- Era uma vez  um cara
Com cara
de CADEADO TRANCADO

CARONA5

Não falo do que não sei
Do que sei, tomo cuidado
Na vida, a certeza
beija a dúvida
O reto namora o curvado.
O médico pede isolamento
E o presidente berra:
Isso é gripizinha, resfriadinho...
Não precisa ficar isolado.
Eu
não falo do que não sei,
do que sei, tomo cuidado.

CARONA6

Me ajude a entender.
Tomei um bom banho
me perfumei
vesti a roupa mais elegante
fui a uma festa
conquistei a mulher mais bonita
dançamos a noite toda
bebemos todas e mais algumas
Beijos, “amassos” e muito mais...
Esticamos a noite
Acendi a luz, fui à geladeira, bebi água,
voltei pra cama e dormi do outro lado.
  

CARONA7

Tinha tanta coisa pra fazer
Esqueci de você
Tinha tantos lugares pra ir
Esqueci de você
Eram tantos telefonemas
Esqueci de você
Tinham tantos tão poucos
Esqueci de você
Tinha isolamento social
Esqueci de mim
E lutei 
pra não
esquecer de você

CARONA8

Só.
Nada pra fazer.
No telefone,
ninguém pra ligar.
Na boca, ideias/beijos,
sem ouvidos pra ouvir / ou vir
e línguas pra mordiscar.
Mil lugares aonde ir,
mas o verbo é ficar.
Eu, carcereiro de mim.
Dono da chave de abrir.
Proprietário do cadeado
de fechar.
Olho em volta...
Tudo desorganizado,
bem arrumadinho.
Nada saiu lugar...

CARONA9

Atenção!
Muitas surpresas amanhã:
Vai ter isso
Vai ter aquilo
Um metro de carinho
Três litros de piadas
Vai ter..............
Vai ter........................
Vai ter.......................................
um jardim de Vai ter...
Se Tiver Terá.

CARONA10

Alguns dizem:
O homem resurgirá outro.
Será?
Sei lá.
O hematoma tatuado marcou???
Evoluímos na dor
ou na dor evoluímos?
Alguns dizem:
O homem resurgirá outro.
Qual homem?
Qual mulher?
Qual Outro nascerá? 


CARONA11

Fui ao Super Mercado. / Não demorei.
A ordem é / VÁ RÁPIDO.
Comprei 5 pães / e / 5 fatias de queijo prato.
A ordem é VÁ RÁPIDO.
Não seja um debiloide abestalhado.

Entra uma jovem apertada / Vestido colado
Gordinha baixinha de bunda arrochada
Dá até ver onde calcinha está alojada
Decote assanhado / Pressa nas pernas
Olhei fixado.
No delírio involuntário enfraquecido,
doido eriçado
a cerca pulei pro outro lado.
Que mocinha! Que banquete! Decidi
coloca-la na cama e saborea-la no prato.
Fantasia de um idiota isolado. 
                                                                                                    CARONA12

 “Quero descobrir uma forma de
dizer o que não é,
inverter o que é,
adoçar o feijão e
salgar o café.

Todos seguindo enfrente
com a rota alterada.
Todos olhando pra cima
com a cabeça tombada...
Quero acreditar nos idiotas que afirmam:
Esse vírus não passa de uma história contada.”
Não consigo.

CARONA13

Imaginei que / tudo estava normal / nada aconteceu.
O vírus assim que chegou / Partiu.
Assim que nasceu, / antes de sete dias, / morreu.
Foi o que não foi / Fruto de língua ferina.
Balela, fofoca, / Coisa de  “escreveu não leu”.
Imaginei...Mas... / a Rua está vazia / Comércio fechado.
Pouca gente / Misturada com / Filas nervosas.
Intervalo / Pausa / Cancelamento / Adiamento /
Mortes...
Sair só pro necessário é  MUITO CHATO!

CARONA14

Caso amanhã
Amanheça ensolarado
Ventando pra cima
Pra baixo
Pra todos os lados
O galo cantando aloprado
Cachorro e gato correndo
como dois abilolados
A natureza sambando
Deixando o povo alegrado...
Será que o sonho
chegou certo,
ou está embriagado?

 CARONA15

Anos 90.
Domingueira Voadora.
Severino Araujo tocando,
Moreira da Silva,
as vezes, cantando.
Pista cheia,
homens, mulheres e casais.
Paquera rolando.
Eu gostava de dançar
com a elegância baixinha magrinha
de roupa passadinha
trabalhadora de saia e blusa tingidinhas,
no tanque com Omo lavada “esfregadinha”...
Madura mulher menina.

Chega de falar no “paz-ssado”.
Tenho que ficar em casa.
Me tranquiliza olhar o calendário
dos tempos idos vividos sonhados. 

CARONA16

Um casal de irmãos, inocentemente, em casa.
A menina deu a ideia:
- Vamos brincar de Mamãe Posso Ir.
O outro:
- Topo, mana. Pode ser que a gente ganhe a liberdade.
...
- Mamãe, posso ir? (gritando)
- Pode. ( gritando)
- Quantos passos?
Uma voz vinda da cozinha berra enraivecida:
- Meio passo de formiguinha até a porta e volta.
Nada de colocar o pé na rua, “tenderam”?
- Tá mãe.
- É bom tá mesmo.

CARONA17

Tudo que faço e você gosta
Não faço.
Tudo que faço e você não gosta
Faço.
Tudo que toco e em ti delira
Sem envolvimento.
Tudo que aperto e te provoca dor
Com frescor.
Tudo que ultrapasso com ou sem permissão
Invasões.

Sem tantas coisas e pessoas
Cem ou mais de “sens”.
Milhões de fotos.
Barafundas do ontem hoje,
Choques cobranças
Esquecidas existentes
ou
inexistentes lembranças?

CARONA18

Ontem resolvi:
Vou te dizer uma coisa.
Estava decidido.
Seria naquela hora maldita
Que tudo seria bem dito.
Sem dúvidas e medos EU FALARIA que...
.........................................................................................................
Na TV toca a vinheta do Jornal Nacional
Olho pra tela  
faço cara de perverso,
sanguinário,
justiceiro...
Esqueço que você existe,
lembro da ausência do dinheiro
 e babo, babo, babo,...
Tua imagem se afoga
na minha saliva que escorre
rumo ao ralo que parte
rumo a “pandemônica”
 história brasileiro.



CARONA19

Hora de brincar com a realidade:
- Vocês vão daqui até lá.,
Subam naquele morro.,
Desçam aquela escada.,
Pulem aquela pedra.,
Mergulhem naquele rio.,
Corram naquela pista.,
Naquele mar surfem,
Ciclismo, muita cavalgada.,...
Cheguem em primeiro lugar
no outro tempo que vem virá vem.,...  

CARONA20

Seja na farmácia,
No Super Mercado,
No ônibus ou em casa
Em todos os locais
Tem sempre um ou muitos que dizem:
Isso vai passar.

Isso vai passar pra cima?,
Pro lado?,
Pra fora?,
Pra baixo?,
Pra frente?,
Pra dentro?,
Ou está esperando para atacar entrincheirado?


CARONA21

Enquanto durar o intervalo
Vou molhar o que secou
Varrer o que sujou
Aprumar o que desajustou.

Aquecer o sorvete
Desarrumar para procurar
Manchar e depois lavar
Ir e voltar no mesmo lugar.

Missão cumprida.
Somente a pausa não se ligou,

não tomou banho, não trocou de roupa,
não pegou trem, ônibus, avião,...
não fugiu pra dentro. Foi embora, se mandou.

CARONA22

O namoradinho liga agitado,
A namoradinha louquinha atende.
Ele: - Oi querida, to cheio de vontade.
Ela: - Eu também, e daí?

O que faremos, ele.
Como faremos, ela.
Acho que....
Assim não, mas pode ser como...

Ele: - Você é incrível! Ela: - Você é maravilhoso.
Barulhos estranhos escutados,
Gemidos sem dor berrados.
Sem arrependimentos.

Ela parada
Ele estatelado.
Lastimável.
Esquecemos a camisinha
e de que, cada um de nós, está na sua toca intocável.


CARONA23

A Montanha de tão alta, calou.
A Chuva de tão molhada, chorou.
O Sol de tão quente, secou.
Enquanto isso o rato roia a roupa do rei,
do rico e do pobre e ninguém viu, viu?
Será que viu?

CARONA24

Antigamente eu levava a vida.
Um dia acordei e descobri que
A VIDA ME LEVAVA.

Antigamente eu levava no colo.
Um dia acordei e descobri que
O COLO ME LEVAVA.

Antigamente UM DIA DESCOBRI.
Um dia acordei ANTIGAMENTE
A VIDA ME LEVAVA, LAVAVA,...

COLO, EU QUERO VIDA.
VIDA, EU QUERO COLO.
VIDA, COLO, ..........RUA

CARONA25

Se tem aquilo que não quero
É isso que NÃO QUERO.
Se tem aquilo que desejo e quero
É isso que DESEJO E QUERO.

Tempo doido esse
Tenho que QUERER O QUE NÃO QUERO
E  não desejar o que DESEJO E QUERO
Se vou pra lá, a farda diz que é pra cá.

O sim entortou, o não claudicou,...
A vida pela vida reza e roga.
A máscara tapa o gosto gostoso do beijo.

Eu fico onde estou e você fica onde está.
Tá passando, vai passar,
   pode na minha memória encostar.
Caso fique triste use o dedo, pode telefonar. 

CARONA26

Quem quiser que invente isolamento
Quem quiser que decrete distanciamento
Quem quiser que queira, eu não quero
Não quero Não quero Não quero
Quem quiser que invente
Mas saiba, não sou jumento, pra viver em cocheira.

Vou sair, vou aloprar
Minha loucura vai ficar doida
Em história fuleira, não creio
Não importa que a mula manque
Eu quero é rosetar.

Fica dito: A rua é meu palácio, meu lar.
Quem gosta de “fuzaca” e churrasquinho
me acompanhe
Vamos um no outro, roçar
Com a santa cloroquina tudo se resolve, vai melhorar
Os bobocas medrosos, podem, em casa se esconder, ficar

As ideias acima, com a verdade dos fatos, brincam e mentem
Isso é papo de maluco perverso demente
que tem intestino no cérebro mequetrefe “torturente”
É pra ser repudiado, vaiado e preso,
não serve pra ser presidente.


CARONA27

Acordei e
Decidi
Não vou tomar decisão
Já está tomada

Acordei e
Resolvi
Nada resolverei
Reclamação solucionada


Acordei
Girei na cama
E me virei pra mais uma “sonada”

Acordei Dormi
Antes depois
Diferente não aconteceu nada


CARONA28

De uma Hora pra Outra
Até a Outra foi Embora
A Hora virou Outra
Embora a Outra seja a da Hora

Embora a Outra seja a da Hora
A Hora virou Outra
Até a Outra foi Embora
De uma Hora pra Outra

A Hora virou Outra
Embora a Outra seja a da Hora
Até a Outra foi Embora

Até a Outra foi Embora
A Hora virou Outra
De uma Hora pra Outra acabou, ponto.


 CARONA29

Dos carros não ouço barulho
Pouco tudo
Muito nada
Na Rua máscara na cara entortada

Mais um dia xerocado do ontem
Meio sol
Meio cinza
Forró sem rele bucho e gafieira sem umbigada

Uns se isolam enquanto
Alguns levam a vida escancarada
Tem pé na rua que desconhece a estrada

Do Planalto soam falas desvairadas
Das janelas panelaço, vaias, O QUE É ISSO???
O QUE É ISSO??? Resposta: O TUDO DO NADA.


CARONA30

Acho que Acho / Que vou / Vou ligar ligando a TV
Pra eu relaxar / Acalmar /Desanuviar
Quem concorda que devo / Levante o dedo
Não adianta olhar / Estou trancado
Levantei o meu dedinho / Sou a maioria
Vou ligar a TV / Pra relaxar / Acalmar / Descansar
Docemente liguei no JN com toques gestuais de gay:
SOCORRO, TRAGAM O MEU CALMANTE
É SÓ DESGRACEIRA / VENHAM ME SALVAR.

CARONA31

Nem sempre
lembro de tudo.
Normalmente
não esqueço nada.
Hoje é...
Que dia é hoje?
Minha chave
Alguém viu minha chave?
Tá na
Tenho que achar minha chave.
Quando chegar o dia de abrir portas
Eu vou precisar da minha chave.


CARONA32

Máscara, eu?
Pra que máscara?
Não uso máscara.
O que a máscara tem
que na minha cara falta?
Sou um normal.
Bandido ou Herói
Não é o meu caso.
Manto facial pra mim,
NÃO.
Veja,
sou mais um exposto na vida,
sou mais um exposto na saída.
Todos me conhecem
por isso
Não uso máscara.

CARONA33

A moça é caixa do mercado.
A moça mora na favela.
A moça chega na hora dela.
A moça é nordestina branquinha.
A moça é educada.
A moça é recatada.
A moça cobra rápido.
A moça não embola a fila.
A moça é casada, enrolada, noivada,..?
A moça não sei se é mãe?
A moça faz a economia girar.
A moça baixinha trabalha muito, mas...
a moça erra com ela na hora de olhar pra ela:
    A moça não encontra tempo
    de cuidar da ferida do braço dela.

 CARONA34
  
Nem tudo que passa
Passou
Nem tudo que fecha
Lacrou
Nem tudo que tranca
Chaveou
Nem tudo que é ótimo
Agradou
Nem tudo que cola
Grudou
Nem tudo que é tudo
Agigantou
Nem todo “sentimentobom”
“Ocoraçãogamou”
Nem todo Você se foi
Volte, a lembrança ficou.


CARONA35
  
Sala / Quarto / Cozinha
Banheiro / Cama / Alimentos
Livros / Bonecos /Computador
Roupas / Vassoura / Memórias
e mais alguns símbolos de derrota e glórias.
CLARO QUE NÃO ESTOU SÓ.
Não é disso que eu estou falando
É da falta  gente pra
conversar / brigar /  beijar.
Já to doido!
Se der clima / Vontade,
Esquentamento gelado
Tribufu na bobina
Eu vou
TREPAR
NA CADEIRA
e pelado dançar
samba, roque, funk
e, quem sabe,
a concertina.
TÁ FALTANDO GENTE PRA CONVERSAR.

CARONA36

Sou...
Teu...
Eu...
Você...
Nós...
Atados
envelopes fechados.

Te ligo...
Me ligue...Me liga...
Um bom papo furado.
Palavras sem toques
Desejos tocados
             trocados.

 CARONA37

Tanta fala
Tanta falha
Tanta Tanta
Fala Falha.

E daí?
Homem
Mulher
Criança
E daí?
Não morreu o Siri
Mas entubaram o Saci. 

 CARONA38

Por que o coração aperta?
Por que o coração desperta?
Por que o coração me chama?
Por que o coração é chama?

Por que o coração bate?
Por que o coração...
porta fechada chuta?  
Por que o coração espanca?

Coração porque
Coração...
Por que coração?

Por que?
Porque
Coração...

 CARONA39

Minha Cara
Minha Máscara

Minha Máscara
Minha Cara

Máscara Cara
Cara Máscara

Uma é uma
Ou
Ambas EU? 

CARONA40

E se tudo finar hoje?
E se tudo for ausente?
E se tudo da vitrina “nem existiu”?

E se tudo for pequeno?
E se tudo for mega macro?
E se tudo antes de chegar, “partiu”?

Dúvida tola
Idiota
Pueril

O dito acima
é o lixo dedicado
A todo Ditador Senil.
     


CARONA41

Deu vontade de ir
Não fui, fiquei ficou.
De ir, deu vontade.

Cara Tapada me olhou
Não vi o resto, fiquei ficou.
Me olhou, Cara Tapada.

O Sol queimou iluminou
Cara Tapada que me olhou
Deu vontade de ir, mas o medo zombou.


CARONA42

Há quantos dias estamos aqui?
Há quanto tempo saímos de lá?
A quantos metros tenho que estar?

Fica a dúvida
a saudade
a angustia
de ter que ir
sem história de
subir andar sair voltar.

Força,
esperemos mais um pouco.
O ANTIGAMENTE VAI VOLTAR.


CARONA43

Se amanhã tivesse saído do calendário,
Se ontem existisse sozinho,...
Eu arrombava o cinema
e bebia uma caipirinha,
Eu entrava a força no bar
e assistia um filme,
Eu invadia o teatro
e mergulhava na piscina...
Eu...é...
Se amanhã tivesse saído do calendário,
Se ontem existisse sozinho...
Pra que continuar acreditando
que depois está voltando?


CARONA44

De repente a cabeça estala:
Isolamento total
Ela disse que ia. / Foi?
Zapeei e coisa e tal.
Papo vai, Papo vem,
Está na Alemanha.
Sei. Sei. Saudades. Blau.
Só saio para o inevitável.
Isso é desagradável.
Vamos nessa.
Felicidades...
Ela terminou.
Eu terminei.
Mesmo distante estou aí/aqui.
Mesmo distante você está aqui/aí.
Aí aqui, aqui aí... gostei da ideia!


CARONA45

Mais um dia ontem
que existo.
Mais um dia ontem
que, a noite, durmo.
Mais um dia hoje
que, de manhã, acordo.
Estou na “PANRENTENA”.
O tempo passa
passa o tempo
passa passa e repassa
como um ferro
de passar quente
saído da geladeira
de um boteco falido
fechado sem gente.

CARONA46

Trancado
Lacrado
Ameaçado
Porta fechada
Ferrolho passado
Acordo endiabrado
Querendo um alguém
Roçando mordendo
ao meu lado.
Quase...
me satisfaço...
Procuro na fantasia
Acho, não acho.
Sossego o facho.
a TV disse:
ISSO VAI PASSAR
e ai mais uma vez, de novo
 meu corpo roça e morde o teu
de frente, de costa, de lado,...
antes do meu estar acordado.

CARONA47

Troco um negócio velho
Por outro apertado
Troco um sonho impossível
Por outro rasgado
Troco um beijo vivido
Por outro secado
Troco e destroco tudo
Que antes era novo
E hoje está “churriado”
Por já ter sido usado
Só  não troco a liberdade
De andar pra todo lado.

 CARONA48
  
Tranca na porta passada.
Sonho delírio amassado.
O vírus quebrando destinos
Jair da Prole agindo como filho do cão
Por qualquer motivo
Afrontando o Divino
Sem respeito
Cuspindo na razão.

Enquanto
MUITOS partem
Sem aceno e
aperto nas mãos.

CARONA49

Quem nasceu primeiro
O ovo ou a galinha?
Perguntei para um grupo de crianças
Que perto de mim tinha.

Uns responderam ovo.
Cruelmente inquiri:
De onde esse ovo saiu?
Um menino fala de supetão:

- Foi da galinha.
Rápido desbanquei o sabidinho:
- De onde veio o ovinho que deu origem à pintinha?

Responderam: - Pergunte ao Jair da Prole
Se ele sabe matar coronavirus
pode resolver essa "charadinha".





CARONA50

Rápido Devagar Lento / Eu tenho Todo Tempo
Em que pese pluma / Em que pese pedra
Em que pese coice de jumento / Respeito Zé
Respeito a Entrada Iemanjá / Eu tenho todo tempo

Faço Desfaço Refaço / Eu tenho todo tempo
Sem vozes pra contestar / Aqui do apartamento
O vírus ali, lá, não sei, se escondeu /Onde está?
Pergunte a quem não sabe / Eu tenho Todo Tempo.

Veia sangue / Auto Auto hemo / coragem de me cuidar 
Veias por mim espetadas / Agulha entrada
Sangue que pinga / Eu tenho tudo tempo
Sangue sai / Volta sangue / Eu tenho tudo tempo
ISSO (algodão com álcool) VAI PASSAR. 



CARONA51
  
Um tagarela da TV falou.
60 dias de quarentena!!!
Eu sem querer ouvi.
OUVI
O tempo passou
não vi
vida que segue
segue vida cega
procuro alguém
de janela em janela
que me dê um pouco de tudo,
mas que não falte trela.

CARONA52

Ligo pra Amiga.
Eu: - Alô.
Ela: - Não posso falar agora.
Eu: - Está de mal comigo?
Ela:- Não, estou indo pra Minas.
Peguei um carro e estou indo.
Só volto na terça. Te ligo.
Eu, sem saber o que falar, calei.
Ela:- Minha futura nora faleceu.
Desligo e me Ligo: Mais1, mais2, mais3, mais4, mais5, mais6,...
Não para.
NÃO, PARA.





CARONA53

POR QUE, NÃO ...?
Era uma vez um antropólogo que pesquisava.
Todo antropólogo pesquisa. Esse se dedicava ao comportamento / comportamento dos índios. / Índios brasileiros.
Ele buscava uma índia. / Índia que falasse / como vivia /
Como vivia a seu povo. Como vive o seu povo?
O antropólogo contratou um guia / um guia que o levasse
Que o levasse até uma índia. / uma índia boa de papo.

Tudo marcado. / Preço acertado. / Horário estipulado.
Ninguém chegou atrasado. / Desculpa,...não é bem assim.
O guia estava desacelerado. / O antropólogo excitado
Olhava pra todo lado. / No relógio fixado.

Foi dada a partida.
Três horas de terra batida. / Chegam à tribo. / Empoeirados.
Antropólogo: - Onde mora a índia?
Guia:- Aqui, ali, do seu lado.
Antropólogo: - Onde?
Guia:- Aquela em pé, de frente pra pedra.
Antropólogo se aproxima./ Antropólogo se apresenta.
A índia como estava fica ficando./ Antropólogo irritado./ Desapontado. Espera. Espera. Espera muito. Urra.

Guia: - Espere mais um pouco. / Antropólogo:- Pra que esperar?
Guia:- A índia agora está ocupada. / Antropólogo:- Por que esperar? Ela não está ocupada. Está parada, olhando pra uma pedra e não diz nada. Ela é doida?
Guia:- Infelizmente chegamos na hora errada. Chegamos na hora da conversa.
Antropólogo:- Da conversa com a pedra?
Guia:- Não, com a irmã dela. Por que, não pode?

No dia 20/05/ 2020
sou presenteado com o livro de Ailton Krenak ,
Ideias Para Adiar o Fim do Mundo ( disponibilizado).
O trabalho acima é uma adaptação livre de uma das passagens.




OBRIGADO POR ANDAR COMIGO 
ATÉ AQUI.
PESSOAS COMO VOCÊ NÃO SÃO ENCONTRADAS COM FACILIDADE.





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