(LIVRO) CONTRIBUIÇÃO CONSCIENTE


                      
                                                                                                                   
                                                                                                                  


Principalmente nas artes e educação a falta de recurso financeiro faz com que muitas iniciativas sofram solução de continuidade e que profissionais abandonem seus sonhos. O texto que segue tenta mostrar que a desunião faz a forca e o encontro de identidades acrescido de união a sustentabilidade.
Conheci o conceito e prática de Contribuição Consciente há seis anos nas aulas de Contato Improvisação ministradas pela bailarina e dançaterapeuta Sofia Giliberti que ela e seus parceiros até hoje ministram em diversos espaços culturais da Cidade do Rio de Janeiro. O movimento de Contato Improvisação vem se solidificando no Rio de Janeiro. Em muitos núcleos a manutenção dos encontros se dá através da Contribuição Consciente. 
Na Contribuição Consciente o valor financeiro das aulas ou outras trocas são estabelecidos por cada participante de acordo com as normas estabelecidas em grupo. Tudo pode ser negociado. A porta está aberta para todos.
Ao final dos encontros o valor é colocado anonimamente no envelope. Em algumas ocasiões, outras permutas são propostas. Umas aceitas e outras rediscutidas. Já presenciei colaboração em forma de massagem, pratos exóticos,... Não aceitar a proposta de troca lançada representa somente uma etapa da negociação.
Quando fazemos nossa contribuição e entendemos que o valor que oferecemos é justo e bom para o nosso próprio benefício e do todo grupal, construímos em favor da sustentabilidade daquilo que desejamos que não acabe. Cada integrante da experiência, possibilita que o trabalho tenha continuidade e que mais pessoas possam participar.”
A Contribuição Consciente desafia à relação de compra e venda que regula o mercado e toda carga de vitória e frustração que isso carrega. O valor oferecido não é regulado por uma tabela pré-estabelecida e sim pelo poder de troca que se estabelece entre aquele que oferece o serviço, o sujeito beneficiado e o grupo em que todos estão contidos.
A Contribuição Consciente tem o compromisso de não deixar a rede romper. Importante frisar que a rede não se caracteriza pelo aglomerado de pessoas e sim por aquilo que o coletivo produz a partir das suas identidades. A evolução dessa rede é a busca de soluções compartilhadas que façam frente às crises surgidas no processo da existência. A Contribuição Consciente aparece para redesenhar relações e soluções.

ALGUNS CRITÉRIOS DA COLABORAÇÃO CONCIENTE:
Alimente aquilo que te alimenta.
Quanto eu gasto fazendo outras coisas que me dão prazer?
Responda em silêncio:
- Foi bom o momento vivido?
- Se fosse você o professor, ator, músico,... qual deveria ser o valor certo e justo pela aula/oficina/show recebido?
- Você sabe ou imagina o valor habitualmente praticado no mercado para esse tipo de atividade?
- Qual é a sua realidade financeira hoje?
- Qual o teu poder de troca que contribui para manutenção dessa atividade?
- Quais reflexões produz em você a Contribuição Consciente?
- Silenciosa e discretamente faça a sua Contribuição Consciente.

(Com esse texto não pretendo definir Contribuição Consciente e sim provocar percepções, opiniões, ...Não me furto ao direito de afirmar:- Na experiência que participo há seis anos dá certo. )




Você pode encontrar quem chame COLABORAÇÃO. 
São duas formas de nomear a mesca coisa. 
Desânimo e audácia são vírus
cada um escolhe onde se contaminar.
 

  


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